Estudo I - Nota ( IN PROCESS)



Palavra - Gesto - Respiração


Em relação a PALAVRA.

    Em relação a utilização da palavra pela palavra. É necessário revelar o que está no recôndito do texto, segundo o autor. A encenação não pode estar submissa a palavra, se tornando meramente ilustrativa.


"Em todo caso, e quero dizer isto logo, um teatro que se submete ao texto a encenação e a realização, isto é, que submete ao texto tudo o que é especificamente  teatral, é um teatro de idiotas, de loucos, invertidos, gramáticos, verdureiros, antipoetas e positivistas, isto é um teatro de ocidentais." 

   Para ele tal submissão se dá a medida em que a encenação se reduz  a uma simples ilustração dos significados mais óbvios do texto. [...] O texto pelo texto.

   O ator precisa ultrapassar os limites do texto, explorando todas as possibilidades, revelando os aspectos inusitados e significados. É necessário mergulhar no significado da palavra, assim como em suas sonoridades e entonações. Revelar através de habilidade específica todas as potencialidades oriundas da extensão sonora.



Em relação ao GESTO.

   Artaud parece  atribuir aos gestos diferentes significados. Seja para descrever a maneira como determinados fenômenos se manifestam, sejam eles artísticos ou não, quanto para definir o jogo de equivalências sinestésicas no teatro de Bali (um som no teatro de Bali equivale a um gesto). O Gesto para ele é a célula da nova linguagem cênica. Não é apenas que antecede ou prevalece a palavra. Atribui ao gesto a função de não representar palavras.

 "Ou fazemos com que todas as artes se voltem para uma atitude e uma necessidade centrais, encontrando uma analogia entre um gesto feito na pintura ou no teatro e um gesto feito pela lava num desastre de um vulcão, ou devemos parar de pintar, de vociferar, de escrever [...]."

   Nessa nova linguagem, o gesto seria a isca que traria a tona os aspectos recônditos da realidade; ou seja seria instrumento que pode fazer emergir esse substrato da realidade. Para Artaud a realidade parece ter, em sua natureza, um caráter atroz e o gesto seria o instrumento de revelação.


 Em relação a RESPIRAÇÃO.

   A respiração assume um papel importante para Artaud na relação entre o gesto e a palavra, sendo responsável pelo resgate e manutenção da vida do que é executado pelo ator em cena.

   " O que a respiração voluntária provoca é uma reaparição espontânea da vida. Como uma voz nos corredores infinitos em cujas margens dormem os guerreiros." [...] "A respiração acompanha o sentimento e pode-se penetrar no sentimento pela respiração, sob a condição de saber discriminar, entre as respirações, aquela que convém a esse sentimento".



Fonte: O ator compositor - Matteo Bonfitto.
           Bonfitto, Matteo
           O ator-compositor: as ações físicas como eixo:
           de Stanislávski a Barba / Matteo Bonfitto.
           3.ed. São Paulo : Perspectiva, 2013.

 

   

   
   

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