O Efêmero homenzinho


Embora o tempo imprima uma tonalidade melancólica aos olhos, as sensações se mostram antagônicas a qualquer sentimento de tristeza, infelicidade e medo.
Passadas as ventanias e turbilhões de incertezas, angústias e opressões, outros ventos trazem rumores de uma estação por vir que se apresenta com muita coragem, ousadia e perseverança.
Um homenzinho refugiado em terras longinqüas; de onde palavras, cores, sons e sentimentos eram libertos de qualquer manipulação, num lugar onde tudo se completava e se contemplava na efêmera paisagem, retorna a seu mundo de origem.
O mundo encontrado pelo homenzinho, aquele do qual manifestou seus primeiros passos, ouviu os primeiros sons e experimentou as primeiras palavras, se mostrou estranho e distante.
De uma estranheza diferente daquela de outros tempos.
 As pessoas desconheciam aquela figura tão realista e o homenzinho desconhecia aquele lugar que deixara a muito tempo, embora seu retorno acontecera justamente pelas mudanças de conceitos e pela liberdade dada as palavras. Então passou a lidar com a nova comunicação entre as pessoas, a entender como aconteciam as relações, quais os procedimentos e convenções adotadas para a organização dos diversos grupos de homenzinhos nas mais diversas modalidades.
O tempo passou e junto foi-se embora qualquer dúvida e estranhamento um dia habitado nas fronteiras do entendimento.
O homenzinho descobriu que o mundo não mudou, que muitos continuam com as mesmas idealizações, ambições, e percebeu que a manipulação utiliza-se de uma vestimenta sútil e discreta para se manisfestar. Talvez mais corrosiva do que a de outros tempos.
 Mas, mesmo descoberto que a cultura da hipocrisia se fortalecera naquele lugar, ficou por ali e se propôs a sobreviver de sua honestidade, da verdade, contribuindo para os poucos, outros, que conseguiam ver além da realidade, do que era apresentado aos olhos.
Adrianno Rodrigues

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