Pensamentos
Não sei exatamente o motivo, porém uma vontade de vir aqui escrever um pouco sobre a vida, sobre coisas que vem acontecendo acabou tomando conta dos meus pensamentos e venceu na guerra entre a vontade de escrever e o medo de não usar as palavras corretas ou a melhor maneira de organizar as ideias. O fato é que ultimamente com esse isolamento social em que estamos vivendo, por necessidade de eliminar e diminuir o risco de contágio desse assustador vírus, tudo tem se tornado muito pesado e talvez por conta da correria e da rotina de vida nunca tivesse olhado pra questões tão importantes da vida, das minhas relações comigo e com o mundo. Agora é como se uma lupa fizesse a coisa ficar imensa aos olhos, o que automaticamente me força a olhar com mais cuidado e assim tentar entender e lidar com angústias, medos e obstáculos que não me permitem realizar mais do que posso. Tenho a impressão de que em algum momento me perdi e deixei essas fragilidades tomarem um espaço muito grande na minha vida. Não resolvi nenhuma delas e nem sei por onde começar. O que existe nesse momento é a clareza de que não posso deixar tudo como está, preciso continuar e fortalecer minhas bases, minha fé, a crença na vida.
Nunca podemos deixar de realizar qualquer coisa que seja com o medo de fracassar ou de não corresponder as expectativas dos outros ou as nossas mesmas, tudo é incerto antes de se concretizar, não é possível prever se dará certo ou errado. Digo isso quando se tem as bases necessárias pra realizar, se você sabe o que quer e se preparou para o que pretende fazer. É preciso executar, avançar pra realização. Nada é pior que conviver com os fantasmas de não ter tentado, pelo menos é o que sinto enquanto artista. E contra isso é preciso ser firme. Não se chega a lugar algum quando se coloca as rédeas do que fazer e como fazer nas mãos dos outros. Qualquer processo criativo que se inicia pensando em atender ao que o outro espera corre o sério risco de não se materializar.
Muitos dos pensamentos que impedem colocar em prática ideias são frutos de processos de formações abusivas, que não tem a ver com os conteúdos que se aprende; sim eu acredito que alguns processos de formação profissional são processos tóxicos que em boa parte mais tolem do que possibilitam uma criação artística real. Aquela que não seja uma mera cópia de um produto capitalista/elitista de modelo de arte a ser seguido. Isso quase sempre não dá espaço para acontecimentos singulares no campo artístico. E pode ser um caminho sem volta para que você não exerça o seu trabalho. Não tem haver com o artista que não sai de sua zona de conforto, pelo contrário é sobre a possibilidade de romper paradigmas em buscas criações potentes e significativas. Quebrar barreiras e criar, construir novas narrativas na arte.

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