Sobre o ato de escrever

Desde de bem pequeno tinha uma relação afetuosa com a escrita. Era uma maneira de ressignificar a realidade. Um jeito de aliviar a aspereza da vida nos olhos de criança. Tá bom. Eu sei.confesso que eu sempre tive uma queda para ver as coisas piores do que elas eram. E por isso quando tudo se materializava no papel com a ajuda de um lápis e da minha solidão infantil a história automaticamente não sobrevivia por muito tempo. Isso mesmo. Acabava dando fim. Parece loucura mas eu também gostava de ver elas em chamas. Pelo menos era isso que eu sentia naquele momento de criança. Depois veio a adolescência e aquele jeito sombrio de escrever só aumentou. Nessa época o teatro já era mais frequente em meu cotidiano. Na escola, igreja e fundação cultural. O que trouxe mais cor. O ato de escrever vindo por parte da escola era algo diferente porque eu retratava nas histórias o mundo de fora. Eu atravessava os portões da minha casa. Ainda com o mesmo jeito sombrio de ver as coisas. Depois com o tempo tudo foi tomando outros rumos. Passei a experimentar outros lugares, outras pessoas. Era mais leve. Não passava a vontade de escrever. O que fazia apenas por precisar em meu trajeto profissional embora sempre fosse algo bom. Tinha receio de tornar tudo sombrio e pesado. O tempo foi passando e eu não aguentei. Acabei criando um "lugar secreto" onde escrevia em versos ou frases. Deixei as histórias de lado mas o sombrio estava lá. Depois me cansei e o lugar já não era tão secreto assim. O tempo passou. Muitas coisas passaram. Um pouco de mim também.
Tá vendo quanto rodeio só pra dizer que depois de tudo hoje me sinto deliciosamente provocado novamente a desbravar esse universo. Estou apaixonado e vejo em tudo uma possibilidade.

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